Aluna do Instituto Galo supera doença e realiza sonho com a música

Foto: Henrique Toscano/Instituto Galo

Aos 9 anos, Valentina enfrenta a doença falciforme com coragem. Ela encontrou no Instituto Galo um espaço de aprendizado, acolhimento e esperança

Desde que nasceu, Valentina Andrade aprendeu a lidar com a dor. Diagnosticada com doença falciforme, uma condição genética que afeta a forma e o funcionamento das hemácias (glóbulos vermelhos do sangue), ela convive com crises constantes, internações e a necessidade de cuidados diários rigorosos. Mas, aos 9 anos, Valentina fala com leveza, doçura e maturidade sobre sua rotina. E mais: fala com alegria.

“A minha saúde está ótima, mas eu preciso tomar remédios todos os dias. Além disso, eu sempre tenho que me hidratar e lembrar de tudo sozinha. Porque se eu não tomar, vem a crise alérgica — é uma dor horrorosa. Às vezes, preciso ser internada e tomar morfina”, contou.

A crise alérgica, como explica Bianca Andrade, mãe de Valentina, é causada por uma vaso-oclusão, quando os vasos sanguíneos ficam obstruídos pelas hemácias deformadas. “Principalmente no frio, as veias se contraem e dificultam ainda mais o fluxo sanguíneo. Isso causa dores intensas, principalmente nas articulações. Já teve vezes em que ela ficou com a hemoglobina a 4,5 e ainda assim estava rindo e brincando comigo. Ela é minha salvação”, diz Bianca, emocionada.

Música que cura

Se a doença trouxe limites, a música abriu caminhos. Ao ingressar no Projeto Musical do Instituto Galo, Valentina se encantou pelos instrumentos. Descobriu no violoncelo, no piano e no violino não só uma forma de expressão, mas também uma maneira de aliviar a dor — física e emocional.

“As músicas me ajudam a ter alegria, a esquecer a dor. Me deixam feliz e relaxada. Eu aprendi a ouvir música que eu gosto, músicas calmas, que me fazem bem”, diz.

Para Bianca, ver a filha se envolver com a música é como reviver um pedaço do próprio passado.

“Quando eu estava grávida, tocava flauta transversal e violão para ela. Depois, precisei vender meus instrumentos para comprar comida e fraldas. Mas assim que pude, comprei outro violão e voltei a tocar. Ela cresceu vendo isso”, lembra.
“Eu vi minha mãe tocando e quis aprender também. Quando cheguei ao Instituto Galo e vi os instrumentos, fiquei doida! Tinha violoncelo, violino, piano… tudo que eu amo! Agora, eu quero muito aprender cada vez mais”, afirma Valentina.

Ministério da Cultura, Minerita, Geosol e Lolfatto apresentam Projeto Musical Instituto Galo, do qual a Valentina participa. O projeto oferece aulas de musicalização para 120 crianças e adolescentes que vivem no entorno da Arena MRV, proporcionando não apenas o aprendizado musical, mas também o desenvolvimento cultural, social e criativo.

Um amor em forma de canção

A conexão entre mãe e filha vai além da música. É amor em estado puro. É parceria, cuidado e inspiração mútua.

“Ela é a definição de resiliência para mim. Quando eu vejo tudo o que ela passou e ainda assim continua sorrindo, aprendendo, sonhando… eu me espelho nela. Queria ser um terço do que ela é”, declara Bianca.

Um dos momentos mais marcantes dessa história aconteceu durante a aula do projeto, quando Valentina tocou pela primeira vez a música “Brilha Estrelinha” no violoncelo — a mesma canção que a mãe cantava para ela dormir, quando ainda era um bebê.

“Eu chorei. É uma emoção que eu não sei nem explicar. E eu vou fazer de tudo para que ela realize seus sonhos e tenha qualidade de vida”, contou Bianca.

“Meus sonhos são tocar piano, violino, violoncelo. E um dia ter minha própria loja de instrumentos musicais, com coisas radicais e bacanas. Quero juntar meu dinheirinho, comprar uma casa, um carro e realizar tudo com minha mãe”, projeta Valentina, com brilho nos olhos.

Acolhimento, aprendizado e esperança

O Instituto Galo é parte essencial dessa transformação. Mais do que um espaço de ensino musical, tornou-se para Valentina e Bianca um lugar de acolhimento, amizade e oportunidades.

“O Instituto Galo é uma perfeição para mim. Aqui eu aprendi a tocar os instrumentos que mais gosto. Tem comida, tem amigos novos e tem alegria. Eu estou muito feliz!”, resume Valentina.

Histórias como a da Valentina mostram que a música vai além da arte — ela toca, cura e transforma. E, com apoio, afeto e acesso às oportunidades certas, sonhos que pareciam distantes começam a ganhar forma.

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